16 de dez. de 2010

Onde Tudo Começou. Capítulo Nove.

A partir daquele dia, foi como se o mundo tivesse morrido para Sophie, nada mais tinha a devida graça. E o pior, o que ela mais gostava, fazia lembrar Audrey, todas as bandas que ela ouvia, todos os filmes que via e as roupas que gostava, tudo lhe lembrava Audrey.

Todos os novos amigos que agora tinha, os que haviam restado, lembravam ela. Sua vida era um pedaço desfragmentado da passagem de Audrey. E á cada vez que á via, a garota lhe virara a cara e Sophie ficava pior, cada dia que passava as coisas só pioravam. Não tinha vontade de comer, de conversar com ninguém, só queria poder ver o sorriso amigo de Audrey de volta. Ela simplesmente não aceitava aquela condição, se penalizava por ter estragado tudo e por ter contado a Lara.

Queria poder conversar sobre isso com alguém, mas eles não entenderiam e a distanciariam ainda mais de tudo, resolveu sofrer calada, vestir a fantasia de menina feliz e ser ela mesma, só nas horas vagas. Sophie ia à escola, comia, dormia, assistia televisão, conversava com os amigos como se estivesse em um modo automático. Aquilo para ela não significava nada, não vivia mais. Apenas sobrevivia. Então durante um final de semana em que seus pais tinham viajado, Sophie jogada no sofá, assistindo qualquer banalidade na TV, ouve o telefone tocar, atende:

- Oi?
- Oi, Sophie, é a Susan.
- Oi, eu sei quem é. O que é?
- Nossa, estou feliz em conversar também. Mas então, esse sábado a gente vai ver alguns filmes aqui em casa, se você quiser vir, tem lugar para dormir.
- A gente quem? Acho que vou sim, preciso me distrair.
- A gente: Eu, Anne, Mike, Greg, Julian, você e o Matt, só que ele ainda não confirmou.
- Okay, eu vou, é para levar o que?
- Qualquer coisa com álcool, a comida eu vou dar... Enfim, tenho que desligar, a gente se vê. Aliás, pode vir ás 20 horas.
- Tudo bem, nos vemos então. Tchau!
- Tchau!

Sophie vai até o armário e pega algum dinheiro para comprar uma bebida no mercado. Chegando lá decide comprar uma vodka, forte e rápida. Exatamente do que ela precisava. Ao voltar para casa, percebe que já estava matematicamente atrasada, toma um banho rápido, pega um vestido florido qualquer, e o veste apressadamente, já que o verão estava no auge e o calor era insuportável.

Sophie chega 10 minutos atrasada, vendo todos lá, dá um oi coletivo e se apressa em deixar suas coisas no quarto de Susan, ainda não tinha decidido se dormiria lá ou não. Mas achou melhor garantir e trazer roupas para isso. Vão todos para a sala levando as suas respectivas bebidas e Anne chega logo depois com as duas pizzas. Começam a comer e a beber, e decidem ver o filme só depois que terminarem de fazer isso.

Após duas horas bebendo, nenhum deles se sentia exatamente bem, tinham acabado com quatro das seis garrafas que haviam trazido e decidem então verem os filmes escolhidos. Alternam-se nos colchões dispostos no chão e Sophie fica na ponta, ao lado de Mike. Optaram por ver o filme de terror primeiro, porém na metade dele, Anne, Julian e Greg já dormem profundamente. Susan e Matt saíram da sala e Sophie já imaginava até onde estariam e o que estavam fazendo e ela, estava ali desconfortavelmente ao lado de Mike e um estado de semi consciência, entre dormir ou ficar acordada. Quando no clímax do filme, ela leva um susto e despercebidamente se aproxima do garoto ao seu lado, consegue se acalmar e nota que seu sono tinha passado e também que Mike estava com uma proximidade bem perigosa de seu pescoço, ainda tonta se afasta discretamente do rapaz, mas logo em seguida pensa:

- Porque não? Ele é muito bonito, está solteiro e dane-se oque eu sinto por Audrey, isso passara se eu começar a aproveitar as oportunidades.

Mas Sophie teve nojo de si ao pensar isso, como poderia tentar substituir a pessoa que amava, por algo simplesmente corporal? Por um simples prazer. Ela não queria saber, só queria que aquela dor passasse, porque, por mais que fossem somente alguns instantes. Ela não sentiria nada.
Com um ímpeto de coragem, ela chega perto do garoto, que percebe e repousa sua mão sob o ombro dela. Então Sophie aproxima um pouco seu corpo do dele, fazendo Mike pegá-la pela cintura e encostar seu corpo ao dele. Sophie o olha e sente nojo de si, então fecha seus olhos e fica dizendo para si mesma: Vai passar, vai passar, vai passar.

E o beija. Mike intensifica o beijo, pegando-a com mais força pela cintura e pressionando seu corpo ao dela. Sophie queria muito sair dali, sentar em algum lugar e chorar, mas se deteve e obrigou seu corpo a ficar ali. Então Mike desce a mão que estava repousada na cintura de Sophie, o que á faz sentir arrepios, ele beija o pescoço dela. E mais uma vez a garota não sentia nada, tinha se posto em modo automático, outra vez. Tudo o que tinha em sua cabeça era o sorriso lindo de Audrey e como á amava.

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