4 de jan. de 2011

Onde Tudo Começou. Capítulo Dez.

Sophie acorda, vê Mike ao seu lado e todo o nojo próprio volta com uma avalanche de outros sentimentos. Ela levanta do colchão onde estavam, vai até o quarto e vê seu cabelo desarrumado, seus olhos manchados denunciavam o choro durante a noite. Vai até o banheiro, lava o rosto até que as marcas saíssem e prende seu lindo cabelo em um rabo de cavalo mal feito. Volta ao quarto, tentando a todo custo não fazer barulho, troca de roupa e joga a mochila nas costas. Anda até o quarto em que Susan estava, da um beijo em sua bochecha e deixa um bilhete no criado mudo, avisando-a que já havia partido. Vai para casa á passos curtos, e lembra-se na metade do caminho, que seus pais ainda não teriam voltado da viagem. Perfeito!

Ao chegar a casa, joga sua mochila na cama e vai até a cozinha buscar algo para comer, Sophie não pensava em mais nada, só agia, sua cabeça estava vazia, andava como um robô e fazia sempre as mesmas coisas diariamente. Chega a geladeira, pega a garrafa de Coca-Cola já sem gás e põe sobre a mesa, pega um copo e ao pô-lo na mesa esbarra na cadeira e deixa cair, quebrando-o. Sem muita paciência, junta os cacos apressadamente, quando corta sua mão sem perceber, olha. Era um corte na palma, um corte comprido e profundo, mas ela apenas observa o sangue escorrer entre seus dedos, e descendo ao seu pulso. Então instintivamente ela se sente bem, não compreendia aquilo, mas precisava repetir. Então pega um caco qualquer no chão e com muita hesitação, pressiona-o sob o braço. Sem sucesso ela pensa:

- Não acredito que estou fazendo isso, mas vamos lá, não deve ser tão ruim. Foi bom na verdade.

Ela pega um pequeno caco, mais pontiagudo e afiado, e sem hesitação dessa vez, pressiona-o sob a pele do braço, e depois corre ele no sentido horizontal, abrindo um pequeno rasgo próximo ao pulso. Aquilo fez com que um fluxo de adrenalina lhe percorresse o corpo. Sophie se sentiu bem, ao mesmo tempo em que mal, não sabia o porquê, apenas precisava sentir mais daquilo. Então começou a repetir o que fizera antes, por toda a área do pulso de ambos os braços, até perceber que tinha sua camiseta branca praticamente toda manchada por sangue, por dor. Sophie corre desesperada ao banheiro e lava seus braços, mas ambos continuam a sangrar, então ela pega duas toalhas e os envolve os braços. Senta-se no chão, de costas para a parede e despercebidamente adormece ali. Acorda assustada, percebe as toalhas ainda em seus braços, que levemente começam a latejar, põe um moletom, volta à mesa da cozinha e toma a Coca-Cola sem gás que havia depositado ali antes. Escora-se na mesa e fica pensando porque diabos tinha feito aquilo, que era uma tremendo burrice, mas que pelo menos para algo havia servido, porque já não sentia mais dor, não sentia mais nada. Havia muito tempo.

Desde aquela semana, os dias haviam passado, Sophie tinha se formado e já entrara de férias, longe de tudo que lhe fazia mal, cercada de amigos e diariamente contemplando uma das coisas que ela mais tinha admiração, que era o mar. Ela finalmente começava a se sentir feliz, mesmo com as repentinas aparições de Audrey no balneário em que ela passava as férias. Sentia que algo tinha mudado, em relação á ela e os seus sentimentos. Sim, ainda doía, machucava, e as marcas em seu pulso seriam uma eterna lembrança do amor doentio que sentiu por aquela garota. Mas que hoje, já não sentia mais, ainda possuía o frio na barriga, quando Audrey passava por seu lado. E mesmo que agissem como duas completas desconhecidas, sabia que a menina ainda se lembrava dela e de como riram com coisas banais e de como passaram momentos felizes juntas. Os finais das férias chegaram, junto com a expectativa do ingresso á Universidade, vidas e pessoas novas. E um mundo novo a descobrir, mais uma coisa para ajuda-la á esquecer Audrey.

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